quinta-feira, 28 de junho de 2007

9 Janeiro 2004

Fumo! Fumo que se dilui no ar, que se mistura com o teu mesmo que estejas do outro lado da sala. Não bebo para esquecer, fumo, e liberto com ele todas as recordações presas, as mágoas, os pensamentos mais profundos. Talvez assim os meus lamentos cheguem a ti, pairando livremente pelo ar saturado de um bar sem interesse. Inspira! Retém por um pouco aquilo que sempre te quis dizer e não pude. Expira! Liberta finalmente o que nem era suposto existir, devolve-o ao sítioonde flutuam todas as escolhas, todas as hipóteses. Fuma... Queima o tempo que perdes com futilidades, olha-o enquanto arde de raiva. Branco que se enfurece em laranja. Esmaga com força no cinzeiro mais um pensamento vazio, mais uma tentativa frustrada. Fuma... Deixa que eu fume... Deixa que eu saiba que mesmo não partilhando nada mais, o teu fumo é igual ao meu e ambos carregam peças soltas de duas vidas que inconscientemente se encontraram um dia.

1 comentário:

Unknown disse...

Amiga da minha vida!
Nunca tinha deixado nenhum comentário, porque nunca sei o que hei-d dizer e a frase "afinal tinhas razão" dá-m uma certa sensação de dejá vu...
Mas contigo é impossível fugir aos lugares-comuns já que o amor é um cliché!
Continua a escrever as coisas lindas que nos deixam sem palavras e que nos fazem sentir pequeninos para comentar.