quinta-feira, 28 de junho de 2007

8 Janeiro 2004

Ainda aí estás? - Gritei bem alto com toda a raiva contida que escondia há dias. -Espero que não... - desta vez ainda mais alto, desejando, contra toda a lógica e razão, ouvir uma resposta. Gritei. Sim, gritei bem alto. Pois não queri aouvir-te nem podia falar-te com a voz meiga com que te adormecia ou deixava de cada vez que partia por breves instantes que pareciam décadas. A primeira lágrima apareceu sem ser convidada refrescando-me o rosto que ardia de raiva. Tremo... de ódio, de medo que não voltes. Não tu, nem o que partiu antes antes de ti, mas todos os outros que partem sem nunca terem chegado. Acendi um cigarro e esperei ouvir o telefone tocar, uma chave na porta, um "já tenho saudades". Entreguei-me à dormência do fumo, das lágrimas, do silêncio e da escuridão que irrompia do canto da sala. Canso-me! Desisto e entrego outra vez o que nunca tive. Deixo a água perfumada do banho levar com ela as recordações que inventei. Visto-me calmamente e saio para uma rua que me espera sempre. Amanhã vou voltar a Ser prometo a mim mesma num sussurro sem firmeza tentando passar despercebido. Amanhã...

Sem comentários: