quinta-feira, 28 de junho de 2007

6 Janeiro 2004

Tinha os olhos mais tristes que conheci. Chamei-lhe Pedro porque era frio como pedra. Perguntei-me a mim própria várias vezes se sentia, se conhecia a alegria de descalçar os sapatos e entrar devagarinho no mar, de subir uma árvore para trincar um pêssego doce e sumarento, de voltar a ouvir uma música que já nem nos lembramos. Chamei-lhe Pedro. Por ser esse o nome de todas as minhas paixões por mais nomes que tivessem. Não seria o fim do mundo se o perdesse, já fazia parte do meu dia perder Pedros pelo caminho. Pedros que me caiam das mãos mas pareciam estar sempre lá. Sim, porque quando se encontra um Pedro ele pode estar do outro lado do mundo ou ausente há 20 anos mas está sempre presente. Neste momento há alguém que aclara a garganta, interrompe o meu pensamento, levanta a voz e diz: - Mas eram todos Pedros? De nome?
Claro que não o eram de nome. Eram Pedro de personalidade, de carácter e de olhar (triste). E a todos eu queria sentar no meu colo, deitar a meu lado, beijar a testa e jurar que tudo iria ser perfeito a partir daquele momento.

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